Muitas vezes deixamos de reconhecer um processo de burnout pois os sintomas que ele apresenta se assemelham a outras psicopatologias, como depressão e ansiedade. O esgotamento ou burnout, a depressão e a ansiedade são condições relacionadas ao bem-estar emocional, mas cada uma tem suas próprias características distintas.
Por exemplo, o burnout é tipicamente associado ao esgotamento físico e emocional relacionado ao trabalho. Principalmente, pode ocorrer quando uma pessoa se sente sobrecarregada, estressada e sem recursos para lidar com as demandas do trabalho. Os sintomas comuns incluem exaustão extrema, falta de motivação, desânimo, dificuldade para dormir, falta de apetite, dores musculares, dor de cabeça, irritabilidade, dificuldade de concentração, perda de memória e diminuição do desempenho no trabalho.
Por sua vez, a depressão é uma condição de saúde mental na qual os sentimentos de tristeza, desespero e falta de interesse persistem por longos períodos. Consequentemente, ela pode afetar a vida cotidiana, prejudicando a energia, o apetite, o sono e a capacidade de concentração. Além disso, a depressão pode causar sentimentos de desesperança e pensamentos suicidas.
Já a ansiedade patológica é caracterizada por preocupação excessiva, nervosismo e medo. Pessoas com ansiedade patológica podem sentir-se constantemente tensas, ter dificuldade em relaxar e experimentar sintomas físicos, como palpitações cardíacas, sudorese e tremores. Devido a estes fatores, a ansiedade patológica pode interferir nas atividades diárias e, em casos mais graves, levar a ataques de pânico.
Embora haja alguma sobreposição entre os sintomas de burnout, depressão e ansiedade, é importante observar que cada condição requer um tratamento específico.
Fatores que contribuem para o burnout
As principais causas do burnout podem variar dependendo do indivíduo e do contexto em que ele está inserido. No entanto, algumas causas comuns incluem:
- Sobrecarga de trabalho: um dos principais fatores que contribuem para o burnout é a sobrecarga de trabalho, seja devido a longas horas de trabalho, prazos apertados ou demandas excessivas de tarefas e responsabilidades;
- Falta de controle: sentir-se incapaz de tomar decisões ou ter controle sobre o próprio trabalho e ambiente pode levar ao desgaste profissional;
- Falta de reconhecimento e recompensa: quando o esforço e o desempenho não são reconhecidos ou recompensados adequadamente, pode haver um sentimento de desvalorização, levando ao burnout;
- Ambiente de trabalho desfavorável: um ambiente de trabalho negativo, com falta de apoio, conflitos interpessoais, falta de comunicação e baixa coesão da equipe, pode contribuir para o burnout;
- Expectativas irrealistas: sentir-se pressionado a alcançar metas ou padrões de desempenho irrealistas pode levar à exaustão emocional e física;
- Falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: a falta de tempo para descanso, lazer e cuidado pessoal pode levar ao esgotamento profissional;
- Personalidade e estilo de trabalho: algumas características de personalidade, como perfeccionismo e tendência a assumir muitas responsabilidades, podem aumentar a vulnerabilidade ao burnout.
É importante lembrar que o burnout é um processo gradual e acumulativo, influenciado por múltiplos fatores. Identificar e abordar as causas é essencial para prevenir e tratar esse problema.
Como a psicoterapia junguiana pode ajudar no tratamento do burnout?
Jung acreditava que a jornada de individuação, um processo de autodescoberta e integração do eu, é essencial para o bem-estar emocional. Também acreditava que fatores inconscientes determinam nossas escolhas de vida, escolhas estas que nem sempre colaboram para nossa saúde e crescimento pessoal e profissional.
Sendo assim, a psicoterapia junguiana aborda o burnout de forma abrangente, explorando tanto os aspectos conscientes quanto inconscientes da personalidade. Jung nos ensina a valorizar a conexão com o mundo simbólico por meio de sonhos, imagens e mitos. Esses símbolos podem fornecer insights profundos sobre o estado emocional do indivíduo e orientar o processo de cura.
Desta forma, a psicoterapeuta trabalha com o paciente para analisar e interpretar esses símbolos, permitindo uma compreensão mais profunda de si mesmo e promovendo a transformação interna. Ao facilitar a integração desses aspectos e promover a individuação, essa abordagem terapêutica pode fornecer uma base sólida para a recuperação do burnout e a busca de um equilíbrio saudável na vida.
Happy Hour seria uma solução alternativa para o burnout?
Embora os Happy Hours sejam momentos importantes de promoção de alívio do estresse do trabalho, eles podem mascarar estados emocionais que demandam atenção profissional. Antes de mais nada, a resistência em reconhecer que se está em processo de burnout é um fator de risco para a dependência de álcool e outras substâncias.
Em casos extremos, o burnout pode ocasionar a perda da segurança financeira e afetar todas as áreas da vida do indivíduo, inclusive suas relações familiares.
Acima de tudo, ao identificar os sintomas indicativos de burnout é fundamental que a pessoa busque ajuda profissional qualificada. Em alguns casos, a psiquiatria pode ser necessária para a prescrição de medicação que alivie os sintomas físicos. No entanto, somente a psicoterapia pode investigar a fundo a raiz de padrões comportamentais que facilitaram o surgimento do burnout e promover as transformações necessárias tanto para restaurar a saúde mental quanto para contribuir para que sejam feitas melhores escolhas no futuro.
Referências
Maslach, C., & Leiter, M. P. (1997). The Truth About Burnout: How Organizations Cause Personal Stress and What to Do About It. Jossey-Bass.
Leiter, M. P., & Maslach, C. (1988). The impact of interpersonal environment on burnout and organizational commitment. Journal of Organizational Behavior, 9(4), 297-308.
Halbesleben, J. R., & Demerouti, E. (2005). The construct validity of an alternative measure of burnout: Investigating the English translation of the Oldenburg Burnout Inventory. Work & Stress, 19(3), 208-220.
Greenhaus, J. H., Collins, K. M., & Shaw, J. D. (2003). The relation between work–family balance and quality of life. Journal of Vocational Behavior, 63(3), 510-531.
Artigo publicado originalmente na plataforma Linkedin: https://www.linkedin.com/pulse/burnout-principais-sintomas-causas-e-breve-descri%25C3%25A7%25C3%25A3o-do-salvaia